PEELINGS QUÍMICOS
Desde a antiguidade o ser humano percebeu que após abrasões ou esfoliações, a pele possui a surpreendente capacidade de renovar-se a partir de suas camadas mais profundas, mantendo a pele sã e com aspecto jovial; Cleópatra utilizava "leite azedo" para manter sua pele limpa, suave e livre de impurezas; já na Idade Média as mulheres utilizavam o "vinho velho" repetitivamente em seus rostos para obterem os mesmos resultados. Com estudos e resultados positivos pelo Dr. Stütgen na Alemanha em 1959, da dermoabrasão no tratamento de algumas doenças da pele como a psoríase, utilizando o ácido retinóico, até os dias atuais, muitos foram os agentes de peelings pesquisados e utilizados, gerando uma gama de possibilidades terapêuticas nos diversos casos de lesões cutâneas.
A palavra peeling vem do inglês que significa tirar a pele, despelar, descamar.
Os peelings constituem uma forma acelerada de esfoliação induzida por diversos agentes, resultando na destruição controlada de porções da epiderme e/ou derme com subseqüente regeneração de novos tecidos.
Anatomo-fisiologia da pele:
Diferenciam-se 3 camadas na pele:
A Epiderme é constituída de células epiteliais, dispostas em camadas, que, considerando o sentido de dentro para fora, recebem os seguintes nomes: germinativa ou basal, espinhosa, granulosa, lúcido e córnea. É na camada germinativa onde se originam as células e vão pouco a pouco ganhando a superfície, durante este trajeto vão sofrendo modificações graduais em sua forma e composição química, até perderem o núcleo à nível da camada córnea e se descamarem naturalmente. Este deslocamento de células é constante e o ciclo completo ocorre em torno de duas semanas em pessoas jovens e cerca de trinta e cinco dias para aquelas pessoas de em torno de cinqüenta anos de idade.
A Derme é subdividida em duas camadas a papilar e a reticular. Na derme encontramos uma grande quantidade de vasos (arteriais, venosos e linfáticos), nervos e terminações nervosas.
A Hipoderme é ricamente constituída de tecido gorduroso.
ALTERAÇÕES DA PELE GERADA PELOS PEELINGS
A descamação superficial das camadas mais externas ativa um mecanismo biológico que estimula a renovação e o crescimento celular resultando na aparência externa mais saudável e bonita, pelas alterações profundas na arquitetura celular tais como:
Além dos fatores acima relacionados a dermoabrasão aumenta a permeabilidade cutânea, favorecendo a penetração de princípios ativos coadjuvantes no tratamento pós peeling necessários a reepitelização completa.
CLASSIFICAÇÃO DOS PEELINGS
Os peelings podem ser classificados segundo:
O agente indutor da descamação:
A profundidade do peeling:
As complicações dos peelings aumentam de acordo com a profundidade, portanto quanto mais profundo maior o risco das complicações; um peeling superficial é incapaz de causar hipo ou hiperpigmentação ou ainda cicatrizes, já os peelings profundos estas complicações podem ser observadas
Os médicos que utilizam o peeling podem utilizar diferentes veículos e concentrações e do tempo de contato com a pele para obter o resultado planejado.
TIPOS DE AGENTES NOS PEELINGS QUÍMICOS
FENOL: São inegavelmente os mais eficazes. É um peeling de exclusividade médica.
Possui um grande poder de esfoliação, pois penetra profundamente até no nível da derme reticular, sendo assim indicado para rugas profundas, peri-orais e para tratar as queratoses mais severas.
A sua principal desvantagem é a sua cardiotoxidade, nefrotoxidade e depressora do Sistema Nervoso Central; havendo a necessidade de ser realizada em ambiente hospitalar devido a obrigatoriedade de sedação por ser muito dolorida para o paciente.
Pode-se utilizar oclusão parcial ou total da face para aumentar a ação do produto conseqüentemente a profundidade.
Deve-se suspender o uso da tretinoína e ácido glicólico antes da aplicação por potencializar a penetração da droga.
Existe uma fórmula mais recente, com menor poder de toxidade, denominada de Exoderm, com a característica principal de não se aprofundar além da camada de Grenz, desta maneira diminui-se a absorção do produto pelos vasos dérmicos, diminuindo assim sua toxidade.
RESORCINA: É um agente cáustico do grupo dos fenóis, mas com propriedades diferentes, dando maior segurança em sua utilização, pode ser utilizado como esfoliante na forma de pasta em concentrações que variam de
A pasta pode ser aplicada sobre a pele através de uma espátula de madeira ou com os dedos enluvados, deixando em contato com a pele por até 20 minutos de acordo com o estado da pele. Depois de seca a máscara é retirada com a espátula e o que restar com gaze embebida em água.
O peeling com Solução de Jessner é superficial, podendo ter sua profundidade de ação um pouco mais profunda quanto maior as passagens repetidas da solução.
A vantagem é quanto a sua estabilidade e baixo custo; já a desvantagem é a possibilidade de reação alérgica e intoxicação que aumentam com as passagens múltiplas.
É indicada para tratamento da acne, discromias e peles rugosas, hiperpigmentação pós-inflamatória, pode ser utilizada em peles mais escuras, com tendência à hiperpigmentação.
Indica-se fazer teste prévio de sensibilidade.
ÁCIDO TRICLOROACÉTICO (TCA): Os peelings com este tipo de ácido são excelentes para o tratamento da pele actinicamente danificada. Apresenta menor risco de complicações quando comparados aos peelings mais profundos como o de Fenol por criarem feridas que só atingem a derme superior. Por outro lado, devido a sua natureza mais superficial, não tem a mesma eficácia dos peelings de Fenol para melhorar cicatrizes e rugas profundas.
O TCA tornou-se o ácido preferido para os peelings químico de profundidade superficial e média, apesar de que pode ser utilizado nos peelings profundos, mas existe um consenso de que nesta última situação, é, geralmente, um procedimento mais arriscado do que o peeling profundo de fenol. Parece que o TCA em concentrações de 50% ou superiores tem a possibilidade de criar mais cicatrizes do que outros agentes de peelings, usados de procedimentos de profundidade semelhante, por este motivo o TCA deve ser reservado à peelings de profundidade superficial e média.
O TCA diferente de outros agentes de peeling, não apresenta toxidade sistêmica conhecida, nem relatos de reação alérgica. Não apresenta melanotoxidade associada ao fenol, o custo é baixo e possui boa estabilidade.
As concentrações usuais variam de
O peeling de TCA pode ser feito isoladamente ou associado com outros agentes como o ácido glicólico e solução de Jessner. Estes agentes realizam um trabalho superficial, mas quando associados ao TCA a 30-35% transformam-no em um peeling profundo, evitando o uso do TCA a 50% que oferece grandes riscos de provocar cicatrizes.
Esta indicado nas seguintes situações:
É um peeling médico quando utilizado em concentrações superiores à 35% e em concentrações inferiores a 35% pode ser realizado pela cosmetóloga-esteticista sob supervisão médica.
Blue Peel O Rejuvenescimento com o Azul
O peeling é um método utilizado para tratamento das alterações da pele. A intenção é acelerar o processo de renovação celular à partir das camadas mais profundas da pele ao mesmo tempo em que elimina as camadas mais superficiais , envelhecidas.
A pele é dinâmica, viva, é um órgão em constante renovação. Todos os dias células novas são produzidas e outras são eliminadas. Mas com o passar dos anos diminui a velocidade de renovação das células. O processo de envelhecimento e a luz solar fazem então aparecer as temíveis rugas, manchas, flacidez e aspereza.
Uma das dificuldades do Peeling, e que pode levar à complicações, é determinar exatamente a quantidade aplicada e a conseqüente profundidade atingida com a substância química, qualquer erro neste cálculo pode trazer maus resultados
Uma nova técnica de Peeling foi descrita, trata-se do Blue Peel. É um Peeling que usa o ácido tricloroacético, e neste aspecto é igual aos outros, a diferença e que este ácido é misturado com uma substância azul, que fica bem visível e permite então saber com maior facilidade a profundidade da ação do medicamento evitando as complicações. O azul do Blue Peel, portanto, é apenas uma sinalização de segurança, que deixa o método mais fácil para o médico e mais seguro para o paciente, o que permite obter melhores resultados.
O Blue Peel é aplicado após um preparo da pele com condicionamento facial . É indicada para pele envelhecida, aspereza, rugas finas e pigmentação (manchas) além de acne. O processo é realizado em consultório, sem necessidade de anestesia e dura em torno de meia hora. A tinta já é retirada no final do processo. Segue-se um processo de descamação que dura de
É claro que os métodos convencionais de peeling, com ácido tricloroacético ou com ácido glicólico também produzem, bons resultados, mas o Blue Peel vem tendo grande aceitação nos EUA e Europa pela facilidade de manuseio e segurança.
A moderna pesquisa médica, mesmo contando com todos esses recursos, ainda aplica grandes somas no mundo todo à procura de novos métodos. Esses tratamentos, já são muitos conhecidos e já são rotina em muitos centros do mundo, e trazem benefícios inegáveis á estética feminina. No entanto, é importante lembrar, que existe uma medida que pode ser usada isoladamente ou junto com os tratamentos, que é simples, muito eficiente, fácil de empregar e o que é mais importante, não é dispendiosa: A proteção solar. Evitar a exposição ao sol é uma eficiente ação para evitar o envelhecimento facial. Os novos tratamentos como o Blue Peel, são cada vez mais eficientes quando bem indicados e novos avanços são esperados, mas nenhum cuidado será duradouro se houver a manutenção do hábito de se expor ao sol sem proteção.
EASY-PEEL: É o mais novo dos peelings, constituído por uma solução de TCA de concentração inferior a 15% e um creme terapêutico que se aplica depois da esfoliação. Não se pode utilizar nem antes e nem depois do peeling álcool e acetona para a higiene, pois se corre o risco da esterificação de Fisher, ao permitir uma penetração mais importante do produto esfoliante.
Esta esterificação de Fisher consiste em um álcool somado a um ácido orgânico dá um éster - o grupo -OH da água vem do ácido. É uma reação reversível.
A solução esfoliante pode ser aplicada inclusive sobre a pele não higienizada e até sobre a maquilagem. Ao finalizar a aplicação da solução deixa secar e aplica o creme terapêutico, que não é retirado.
A freqüência de peeling é semanal consecutivo por um total de 4 semanas.
Recomenda-se ao paciente não usar nenhum tipo de jóias nos dias posteriores imediatos ao tratamento.
ÁCIDO RETINÓICO: Também denominado de Vitamina A ácida, seu uso é justificado por promover a descompactação da camada córnea, diminuição no espessamento epidérmico e aumentar a síntese do colágeno. Estimula os queratinócitos por melhorar a distribuição dos melanócitos e por produzir uma normalização epidérmica; elimina os queratinócitos atípicos e impede a formação de queratoses, sendo indicado para o tratamento do fotoenvelhecimento, portanto atua em patologias onde há hiperqueratinização e é também associado a agentes despigmentantes nos tratamentos de hipertrofias.
Muito utilizado no tratamento da acne por ter ação comedolítica e esfoliante. É largamente utilizado no pré peeling químico e a laser, como preventivo da hiperpigmentação pós-inflamatória, garante uma uniformidade na aplicação do agente do peeling e promove uma reepitelização mais rápida.
O ácido retinóico pode ser utilizado no rosto, mãos, colo, pescoço, dorso e braços.
O ácido retinóico está disponível em várias concentrações 0,01% a 0,1% em cremes ou gel para uso pelo próprio paciente e em concentrações mais elevadas (
Durante todo o período do tratamento e posteriormente é necessário o uso do filtro solar e também de cremes hidratantes com hidrocortisona.
ALFA-HIDROXIÁCIDOS (AHA's): Pertencem ao grupo de ácidos orgânicos de cadeia não muito ampla que tem em comum o grupo HIDRÓXIDO
Fontes naturais de AHA:
Mecanismo de ação: Uma das características de uma pele muita desidratada é o engrossamento de seu estrato córneo, processo conhecido como hiperqueratinização; esta se produz por um menor grau de descamação das capas externas, devido à uma maior coesão dos corneócitos entre si. Traduz-se num aspecto externo muito característico da pele seca: aspereza ao tato, pouca flexibilidade, profundamento de rugas.
Há várias moléculas na pele que intervêm controlando o grau de descamação: a água, os retinóides, os AHA's e os Alfa-acetoxiácidos (AAA), que são os antagonistas naturais dos AHA's; destes com exceção dos AHA's, tendem a aumentar o grau de descamação, entretanto os AHA's tendem a diminuí-lo.
Este processo dependerá, em último caso, da força de coesão que existe entre os corneócitos: uma maior coesão intercorneocitária menor o grau de descamação e vice-versa.
A coesão entre corneócitos se dá pela união iônica especialmente pelas Pontes de Hidrogênio que une duas cadeias proteicas. Agora os AHA's pode-se colar e se interpor entre as duas, com dois resultados ou efeitos diferentes:
A diferença de concentração para passar de um efeito a outro é muito estreita.
Resumindo:
Histologicamente os AHA's observa-se redução da adesão dos corneócitos, espessamento epidérmico, compactação do estrato córneo, aumento na deposição de mucina estimulando também a produção (síntese) de fibras colágenas dérmicas.
A diferença entre queratolíticos típicos (resorcina, ácido salicílico, TCA, retinóico), estes atuam sobre os corneócitos maduros, superficiais, de fora para dentro; enquanto os AHA's atuam sobre os corneócitos germinativos, primitivos, profundos (fases de formação do estrato córneo) de dentro para fora.
As indicações para este tipo de peeling são:
Fotoenvelhecimento, acne, eczema hiperquerostático, queratose actínica, rugas finas e melasma, efélides.
A execução do peeling de ácido glicólico deve ser cuidadosamente planejada; a seleção do agente desengordurante, a concentração e o pH do ácido glicólico, o tempo de exposição e a localização de distúrbios específicos dependem da cuidadosa avaliação de cada paciente. Os tipos de pele 1 e 2 de Fitzpatrick são, muitas vezes, mais sensíveis e menos tolerantes, e exigem concentrações
mais baixas e tempos de exposição menores. A pele fotodanificada e mais velha tolera mais facilmente concentrações mais elevadas e tempos de exposição maiores.
Para a realização do peeling de ácido glicólico é importante concentração acima de 50% e grau de pH. O pH em torno de 1,5 causa maior irritação do que com pH em torno de 2,5. O ácido glicólico é encontrado a 70% em solução alcoólica ou
O ácido glicólico a 70%, provoca epidermólise em
Os peelings com ácido glicólico parecem seguros, pois são muito superficiais. A formação de cicatrizes é extremamente rara.
Embora a pele torne suave, é preciso lembrar que nenhuma quantidade (por maior que seja) de peelings com ácido glicólico eqüivale a um peeling médio a profundo com TCA ou fenol.
O Ácido Mandélico é um derivado da hidrólise de um extrato de amêndoas amargas e que tem sido estudado amplamente por seus possíveis usos no tratamento de problemas comuns de pele, tais como, fotoenvelhecimento, pigmentação irregular e acne. Experimentos demonstram que o ácido mandélico é útil para conter pigmentação, tratar acne inflamatória não-cística e rejuvenescer a pele fotoenvelhecida. Além disso, foi comprovada sua utilidade na preparação da pele para peeling à laser (Resurfacing) e na ajuda da cicatrização e prevenção de infecções bactérias gram-negativas após este procedimento. A molécula do ácido mandélico é maior que a molécula do ácido glicólico e por esta razão, penetra lentamente. Apresenta semelhança química com o ácido salicílico com sua ação anti-séptica somada às atividades dos Alfa-Hidroxiácidos. Sua formulação em gel fluído, promove um peeling que atua de maneira homogênea e superficial. É usado em conjunção com Peeling Abrasivo, de ação química e mecânica que possui base cremosa abrasiva que ao ser massageada produz um polimento, removendo parte do extrato córneo. A esfoliação química se obtém pela mistura em proporções iguais de Ácido Salicílico e Rosorcina à 5%. Pode utilizado com segurança
ÁCIDO SALICÍLICO: É um beta-hidroxiácido, utilizado como agente queratolítico na concentração de
CUIDADOS PÓS-PEELING
Durante as primeiras semanas:
Após as primeiras duas semanas: (De acordo com cada situação)
Após quatro a seis semanas:
Após a normalização da pele devemos instituir um tratamento diário tópico preventivo e de manutenção
COMPLICAÇÕES DO PEELING QUÍMICO
Poderão ser mínimas através do preparo pré-peeling e recomendações pós-peeling, principalmente no tocante à fotoproteção. Algumas complicações que poderão ocorrer:
Todas as informações contidas neste material têm a intenção de informar, NÃO pretendendo, de forma alguma, substituir orientações medicas.
Decisões relacionadas ao tratamento de pacientes devem ser tomadas pelo médico, considerando assim as características de cada paciente.
FONTE:
Laboratório Pineda
Rua Leopoldo Couto Magalhães Jr., 785 - SP-CEP 04542-011-Fone/Fax (11)3167-0317
www.pineda.com.br